domingo, 4 de dezembro de 2011

Vinte de Novembro-Feriado.



 
Victor nasceu em Urubá, Urubapitininga e depois foi para o país de San Paulo. Acorda cedo todos os dias ás 05h da manha para ser escravizado, alias, para trabalhar, pois hoje não há mais escravidão a pesar de andarmos amontoados nos ônibus todos os dias, pescoço com pescoço, tornozelos com tornozelos. Quando chega ao metro para cruzar a cidade é açoitado para dentro dos novos negreiros de ferro, que continua amontoado sem as angemas.
 Sempre se perguntava se não fosse o salário de fome que o sinhô lhe dá como gratificação, se não fosse os quatro filhos para criar, nem o carro que ele quer comprar, casa , roupas, se não fosse... Victor seria outro. Mas ele tem um Padrão bom que o deu trabalho.  Trabalho de quarenta e quatro horas por mês, sete dias por semana, sem folga, sem parada...senzala.
Quando volta para casa todos os dias ás 18h da tarde, volta amontoado nos ônibus todos os dias, pescoço com pescoço, tornozelos com tornozelos. Quando chega ao metro para cruzar a cidade é açoitado para dentro dos novos negreiros de ferro, que continua amontoado sem as angemas.
Mas é no domingão do Fausão que Victor se vê no espelho. Sua cor negra , segundo ele é igual do apresentador do BBeB( Bizarros, Barangas e outros Bichos) , que sempre o mostra de como e o que deve ser sua família e adestrar seus filhos. E lembra como é bom, como tem um patrão bom e como os atores  da imbecilizão são como ele quer ser.
Nada é por acaso. A história se repete. É preciso conhecê-la para não repeti-la.
                           ( Armando O. Pinto ) * Cronica extraida do Jornal Texticulos-Guarulhos

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