quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

bença, vó



 

- bença, vó!

falei isso por anos 

e falaria pela eternidade

mas o que resta é saudade

todo domingo 

indo e vindo

indo e vindo 


todo domingo

nunca foi obrigação

era resignação, respeito.

lembra do bolo de queijo?

é de dar água na boca 

de palavras que não sai

não sou capaz 

de escrever poesia 

apesar de saber que você está em paz.

A senhora é poesia pronta

 que não cabe em nenhum vocabulário

só eu mesmo neto otário pra tentar.

hoje você faz anos 

de tantos que virão

e a gente aqui 

lembrando da recordação,

de onde estiver 

receba meu abraço 

aquele que não puder dar

avó é presente 

e a gente sente 

por mais que a gente tente

o vazio não ocupa seu lugar.

cada prato que  filei

nenhum é igual o que você fez,

cada abraço 

não é um terço 

do farto que a gente carrega

sem você estando lá.

de você nunca me faltou nada

do mais simples café

até o grande banquete de natal com rabanada

que voce fazia questão de fritar.

hoje ajoelho em oração

mesmo não sendo muito cristão

meu pranto é de felicidade

de lembrar com saudade

na mulher que tive o prazer de encontrar

fica em paz

que a gente se vira e faz

o que a senhora sempre fez

reunindo a família toda vez.

poesia que nunca acaba

tem gente que morre e morre

você é eternidade, entidade 

sempre está lá.

- deus te abençoe, meu filho.