- bença, vó!
falei isso por anos
e falaria pela eternidade
mas o que resta é saudade
todo domingo
indo e vindo
indo e vindo
todo domingo
nunca foi obrigação
era resignação, respeito.
lembra do bolo de queijo?
é de dar água na boca
de palavras que não sai
não sou capaz
de escrever poesia
apesar de saber que você está em paz.
A senhora é poesia pronta
que não cabe em nenhum vocabulário
só eu mesmo neto otário pra tentar.
hoje você faz anos
de tantos que virão
e a gente aqui
lembrando da recordação,
de onde estiver
receba meu abraço
aquele que não puder dar
avó é presente
e a gente sente
por mais que a gente tente
o vazio não ocupa seu lugar.
cada prato que filei
nenhum é igual o que você fez,
cada abraço
não é um terço
do farto que a gente carrega
sem você estando lá.
de você nunca me faltou nada
do mais simples café
até o grande banquete de natal com rabanada
que voce fazia questão de fritar.
hoje ajoelho em oração
mesmo não sendo muito cristão
meu pranto é de felicidade
de lembrar com saudade
na mulher que tive o prazer de encontrar
fica em paz
que a gente se vira e faz
o que a senhora sempre fez
reunindo a família toda vez.
poesia que nunca acaba
tem gente que morre e morre
você é eternidade, entidade
sempre está lá.
- deus te abençoe, meu filho.
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