segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Um em quatro

                                                        ( Sofia, M)

a primeira vez que li Pessoa,
era ele só Fernando,

uma hora era um, outrora outro.

como podia, ser ele tantos.

 hora era  Ricardo.
centrado e bucólico
cheio de razão,
procurava calma ou ilusão

outrora Alvaro que de campos
nada tinha , falava do futuro
não cabia ser desse mundo.
faltava Aberto, esse sim era campos,

pensava  na sua vida e de outros quantos.
não deixava de ser ele, mas era outro.
uma hora Pessoa, outrora era tantos.

dialogos(1)



- não aguento mais! Vou dar um jeito de ir embora. Se mamãe não o aceita a única opção que temos para ficar juntos é fugindo. Disse a apaixonada.

- Espera, Tarsila. Vai dar tudo certo. Logo mamãe vai entender. Este Fulano também não ajuda. Parece que faz as coisas para provocar. Vira e mexe está passando em frente de casa com  alguns amigos mal-encarados, fumando e bebendo cerveja. Ponderou a irmã.

- Até você chamando ele de Fulano, Alice! Vai fazer igual a mamãe agora? É o jeito dele. Ele é lindo, não pensa em ninguém a não ser nele.... e nós, claro.
- quieta que a mamãe está subindo. Afirmou a apaixonada

- Filha, querida! Não fica emburrada comigo. Já conheço homens como este. Só querem você sabe o que. Estou te falando para o seu bem. Esses amores prematuros,  acabamos fazendo coisas horríveis, acabam arruinando nosso coração. Olha o filho do Matarazo, como é lindo! Como é partidão, vocês formariam um casal lindo, com muito dinheiro. Se desculpou e sugeriu a mãe.

- Eu não gosto daquele nojento, engomadinho. Respondeu a apaixonada.
- Você verá! Nós nos amamos. E amor maior que este não há. Nascemos um para outro, somos unha e carne. Reclamava a apaixonada.

( no parque )

- Está tudo certo, meu amor! Enfim vamos viver nosso amor, como queremos. Só eu e você. Nós sairemos desta cidade que só nos sabe julgar. Nosso sonho se tornará realidade. Hoje de noite na rodoviária, será nossa emancipação, já comprei as passagens. Declarou a apaixonada.

- Não posso esperar por amanha! Vai ser único. Como eu te amo, nem sei explicar. Agora vamos para um lugar a sós celebrar nossa futura aventura? Perguntou o Fulano.

( em casa)

- Te darei notícias, irmã! Estarei mais feliz fora daqui, com ele. Se despediu a apaixonada.
- Boa sorte irmã! Mesmo sendo louca, lhe admiro. Mande notícias quando puder.

( no local planejado)

- o coração faltava pular do peito. Batia, batia esperando ele chegar. Os olhos marejavam, como quem sente o mar indo e voltando. As pernas tremiam como vara verde. Esperou bastante, esperou... e ele não veio. Explicava  a desiludida para o motorista do ônibus, voltando pra casa.