sexta-feira, 3 de julho de 2015

div(ar)gando


Ainda bem que estou vivo
pelo menos por mais um dia vejo seu sorriso
pressinto o suspiro quando você chega e sinto
sinto  muito,
quando você sai e levas consigo o que ainda não consigo expressar

Ando pela rua procurando o que só acho contigo,
em pileques e fumaças a desgraça que a cara não consegue esconder
meus pensamentos remoem trairás  me levam sempre a você,
O tempo passa (ou tenta passar) a perna enquanto espero o sono chegar e passar.
Sopro na rua uma gaita triste, todos me olham, mas não vê,o que eu não consigo esconder,
do outro lado da rua mais um mendigo que o gringo nem ousa olhar,
e tira fotos para um dia alguém mostrar, um tipo de safári, que busca aqui encontrar.

Ainda bem que estou vivo e você está comigo, não aqui, não hoje, mas comigo
o cheiro da fumaça me embriaga, você me abraça, a calçada da praça cheia de corpos vazios
enquanto o pavio pronto para estourar não estoura, a televisão monta a sua versão
que mais consegue complicar e comprar a população que nada tem a vender,
a não ser sua força de trabalho, que ainda tentam privatizar,
o menino no farol que pede trocados nos carros e recebe gestos negativos pelo vidro claro,
o fone de ouvido abafa o choro da criança que passa no colo da mãe sem esperança,
o mundo com sua deselegância , sua ganancia e tudo que não nos deixa viver,
paro e respiro pela megalópole mais desigual da América latina a retina perplexa me vem a visão de você.
 Ainda bem que estou vivo e consigo lembrar do seu sorriso.

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