quinta-feira, 17 de agosto de 2017
vazio
acordei e senti saudades
lembrei das risadas
da casa mais verde
café com gosto de garapa
o almoço de domingo
e o sentimento
de sempre bem vindo
o bolo do santinho
não está mais lá
seu lugar no sofá
ainda está,
vazio.
bota engraxada
risada engraçada
nem tudo é risada
"águar" as plantas
bondade tamanha
seu vazio
cheio
de tudo
saudade
que não acaba
poesia
inacabada
relojo que não para.
voltei a sua morada
portão aberto :
- misericórdia!
que milagre,
hoje chove.
Perdeu!
Perdeu! Perdeu! Perdeu!
Os direitos trabalhistas, perdeu!
a aposentadoria tardia, perdeu!
o sistema de saúde pública, perdeu!
agora aguenta o tranco
nossa vida igual barranco
descendo ladeira abaixo
abaixo a repressão!
na manifestação do professor
que se rebelou contra o estado
Abaixo a repressão !
do movimento social
organizado
que queima carro e banco
pra não queimar o Senado.
Perdeu! Perdeu! Perdeu!
o que com suor foi conquistado
com sangue, choro e luta
pelo seu antepassado organizado.
segunda-feira, 31 de julho de 2017
enquanto durar
achei
a porta que esqueci de fechar
a rua que não cruzei
encontrei
a parte da vida que me faltava
escolhi e fui escolhido
com quem quero ficar
para um sempre
enquanto durar
segunda-feira, 19 de junho de 2017
a realidade
a realidade transformou as poesias que um dia escrevi em algo muito mais
distante.
E a cada passo que dou o mundo sai do lugar e o espaço é preenchido com
inverdades em dose cavalar.
Nao! Nao a culpa nao é sua, nem minha por ser chato demais, os donos da
grana querem que voce seja assim
Porque tudo, tudo que voce faz enriquece eles mais e mais.
Note voce mesmo a gente na historia sempre esteve um passo atras.
A realidade sequestrou meus versos, evaporou minha inspiracao, atropelou
meus sonhos, concretizou meu coração.
A realidade me tirou tudo. menos minha indignação.
Èsù
Èsù
antes de Marx
me contou:
Vida é
Movimento
em movimento
e desde lá,
quando falha a razão
quando falta a fibra
quando gasta a sola
quando risca o disco
Èsù
movimenta.
Poesia de Amanda Palha
Poesia de Amanda Palha
as ruas de São Paulo
Já reparou
que nas ruas de São Paulo
não tem nome dos nossos pendurado
só tem nome de capitão do mato
que matou índio e preto degolado.
já reparou
que nas ruas de São Paulo
quem a ergueu foi esquecido
nordestino, preto e imigrante
só foi pra museu e estantes
ficou o herói da pátria
voluntários ou não.
já reparou
nas ruas de São Paulo.
que nas ruas de São Paulo
não tem nome dos nossos pendurado
só tem nome de capitão do mato
que matou índio e preto degolado.
já reparou
que nas ruas de São Paulo
quem a ergueu foi esquecido
nordestino, preto e imigrante
só foi pra museu e estantes
ficou o herói da pátria
voluntários ou não.
já reparou
nas ruas de São Paulo.
sexta-feira, 3 de março de 2017
caminhando por Guarulhos
fim do mundo
( Bansky)
o mundo já acabou
só você que não viu
por que não mostrou na tV
Nem no BBB.
O Brasil tá sendo rifado
na Suíça ou nos EUA
mas a gente sabe
quem é que pagar
essas e outras contas.
só você que não viu
por que não mostrou na tV
Nem no BBB.
O Brasil tá sendo rifado
na Suíça ou nos EUA
mas a gente sabe
quem é que pagar
essas e outras contas.
O mundo já acabou
só você que não viu
quando bateram em estudantes
quando bateram em professor
quando mataram o preto sem motivo
só você que não viu
quando bateram em estudantes
quando bateram em professor
quando mataram o preto sem motivo
o mundo já acabou
só você que não viu
porque estava no facebook
e não marchando na rua
Bebendo no bar conversando
falando mal de quem luta.
só você que não viu
porque estava no facebook
e não marchando na rua
Bebendo no bar conversando
falando mal de quem luta.
o mundo acabou
só você que não viu.
só você que não viu.
cotidiano I
Não fique triste
amor meu
a vida é assim mesmo
um dia alegria
e outro
a gente cria
em turbilhão de ódio
ou ondas de alegria
não fique triste amor meu
o carnaval já passou
mas a festa continua
sem pierrot, sem colombina
nossa festa é todo dia
basta sua companhia.
um dia alegria
e outro
a gente cria
em turbilhão de ódio
ou ondas de alegria
não fique triste amor meu
o carnaval já passou
mas a festa continua
sem pierrot, sem colombina
nossa festa é todo dia
basta sua companhia.
O mundo é duro
veste farda, uniforme
e bate cartão
a gente faz de conta
canta samba
e ama sem preocupação
veste farda, uniforme
e bate cartão
a gente faz de conta
canta samba
e ama sem preocupação
Não fique triste
amor meu
A vida é assim
um dia a gente chora
outrora a gente ri.
um dia a gente chora
outrora a gente ri.
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Dia de natal
No dia no natal ia escrever uma poesia
mas a GCM invadiu a ocupação
ai perdi a inspiração
No outro dia comecei escrever um conto
mas um trabalhador foi morto
defendendo transexuais
e o conto parou.
Cada dia uma desgraça
toda hora repressão
a esquerda dividida
entre a coerência e coração
Eu continuo lutando e organizando
sonhando e chorando
por um mundo sem exploração
pelo fim da repressão
(25/12/16)
A conspiração
No último dia antes do fim do mundo a
fiscalização geral de refugiados disse que cada pessoa só podia levar uma coisa
para o abrigo e que caso funcionasse essas coisas deveriam ajudar a construir o
mundo novo. O homem indeciso olhou sua casa, sentou no sofá observando tudo que
havia na sala, chorou ao ver a comida do cachorro envelhecida, olhou o retrato
da mulher que já tinha se despedido anos atrás para viver com outra pessoa em
outro local. Viu sua estante cheia de poeira e livros – estes que fizeram parte
de toda sua vida, por um instante um filme passou em sua mente e chorou. Agarrou
um livro velho e surrado e aos prantos que não pararam de cair sob seus cabelos
longos que atrapalhavam o escorregar das lágrimas. Parecia que a vida que ele
tanto amava já havia findado antes do fim do mundo. Olhava ao redor da casa
percebeu os retratos, regalos decorativos de amigos e um quadro mostrando uma
possível glória com bandeiras vermelhas e pretas erguidas. Perplexo olhou o
quadro, lembrou aquela história, sorriu sozinho diante de uma sala antiga e
prestes a deixar para trás, quebrou o vidro que separava a foto e a rasgou. Foi
à estante e pegou um livro cheio de letras douradas e com algumas orelhas
parecia que havia lido a pouco tempo. Em letras garrafais lia-se: Bíblia
sagrada Novo Testamento.
O homem
depois do choro e lamento lembrou que aquela coisa era a única que ele não
poderia deixar para trás e ajudaria a construir a vida nova aonde talvez eles fossem
se restabelecer. Abriu o livro: “Salmos
9:10 Os que conhecem o teu nome confiam em ti, pois tu, Senhor,
jamais abandonas os que te buscam.”. E uma paixão cheia de confiança o tomou,
aquele salmo só poderia ser uma mensagem do todo poderoso ao homem. Tudo aquilo
passou a fazer mais sentido a ele, tudo seria uma aprovação que tinha que
passar, todos os cultos, todas as dores, todas as dificuldades tudo não passou
de um plano do senhor. Separou o livro e o colocou na bolsa, beijou a foto de
sua ex mulher e ainda antes de sair foi
a cozinha admirou aquela comunhão que estava retratada no quadro da santa ceia, fez o sinal da cruz e
saiu.
Na porta do abrigo os fiscais
verificavam o que as pessoas haviam trazido de coisas para levar e ajudar a
construir o novo. O que os fiscais entendiam que não ajudaria era descartado e a pessoa era
obrigada a voltar e esperar a nova fiscalização, perigando não conseguir sair
antes do fim do mundo. Só se ouvia os lamentos e tiros disparados para o alto
devido as pessoas querendo invadir o local. Quando chegou a sua vez o homem
olhou diretamente nos olhos do fiscal e tirou na bolsa aquilo que trouxe, sem
pestanejar o fiscal o deixou passar.
Chegando sentiu o novo, o cheiro das
flores inundava o ar,viu as pessoas felizes por estarem vivas e se reconhecerem
como uma parte da outra e necessária para a nova empreitada. Enfim o mundo novo
seria reconstruído, não era de fato o fim, mas o começo de outro ciclo. Não
havia melindres entre as pessoas. O homem sem esquecer o que havia trazido para
a construção do novo mundo o tirou da bolsa, olhou para baixo onde havia uma
cova rasa de uma pessoa que não agüentou a viagem, olhou para pessoa, viu nos
seus olhos abertos um caminho que teria que trilhar, se abaixou e colocou o
livro dentro do bolso interno no defunto, tirando uma folha rascada de dentro. Pediu
ao fiscal para tapar o buraco. E voltou admirar o mundo novo que esperará,
olhando a foto da glória com bandeiras vermelhas e pretas erguidas.
A conspiração – 19/12/16.
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