quarta-feira, 16 de julho de 2014

impressões





Passou blush, verificou o horário, colocou os penduricalhos, olhou no espelho não viu nenhuma marca entre as roupas e saiu para ganhar a vida. Sabia que aquele horário era perigoso, mas era o único que conciliava com a escola de seus dois filhos que estudavam em horários diferentes. Sabia que gerava desconfiança no pai dos filhos, que a deixou sem explicar , talvez pelo seu trabalho, talvez por trocar o dia pela noite e não mais o acalantar.E o pior,o homem não ajuda nem na pensão.
Desconfiava, mas fingia não ouvir que quando voltava do trabalho as vizinhas comentavam sobre sua vida.
- Aquela ali, só trabalha pra gran fino, sente o cheiro! Olha as roupas que ela perambula.
- O meu marido disse que já a viu altas horas da noite, ali perto do cemitério do bosque. Vociferando.
Quando chegava perto o assunto mudava.
- Bom dia! Onde foi linda assim?
- Bom dia! Voltando do trabalho, como todos os dias, e cansada como sempre.
Não sabem o duro que é, ter essa vida noturna, aguentar cliente chato, que não pede, mas manda. Receber cantadas diariamente, ou noturna mente, como preferir( pensava a moça). 
Subia as escadas, quase que como aquelas pessoas que sobem para pagar promessas.
o filho, com um sorriso de orelha a orelha, pergunta.
- Atendeu bastante clientes, mãe?
Respondia a mãe
- Só gringo filho. Usei bastante o inglês. Você tinha que ver. To afiada.
o filho se aprontava. Olhou a janela e viu os amigos o esperando para ir a escola.
A mãe o beijou na testa.
- Vai com deus, filho!
O sofá torna-se a cama mais confortável do mundo e sonha o dia que o trabalho de recepcionista de hotel será menos desgastante, mas ainda sim sonha.
   ( Thiago Loreto 15/07/17/4)

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