Passou blush,
verificou o horário, colocou os penduricalhos, olhou no espelho não
viu nenhuma marca entre as roupas e saiu para ganhar a vida. Sabia
que aquele horário era perigoso, mas era o único que conciliava com
a escola de seus dois filhos que estudavam em horários diferentes.
Sabia que gerava desconfiança no pai dos filhos, que a deixou sem
explicar , talvez pelo seu trabalho, talvez por trocar o dia pela
noite e não mais o acalantar.E o pior,o homem não ajuda nem
na pensão.
Desconfiava, mas
fingia não ouvir que quando voltava do trabalho as vizinhas
comentavam sobre sua vida.
- Aquela ali, só
trabalha pra gran fino, sente o cheiro! Olha as roupas que ela
perambula.
- O meu marido
disse que já a viu altas horas da noite, ali perto do cemitério do
bosque. Vociferando.
Quando chegava
perto o assunto mudava.
- Bom dia! Onde foi
linda assim?
- Bom dia! Voltando do trabalho, como todos os dias, e cansada como sempre.
- Bom dia! Voltando do trabalho, como todos os dias, e cansada como sempre.
Não sabem o duro que é, ter essa vida noturna, aguentar cliente chato, que não pede, mas manda. Receber cantadas diariamente, ou noturna mente, como preferir( pensava a moça).
Subia as escadas,
quase que como aquelas pessoas que sobem para pagar promessas.
o filho, com um
sorriso de orelha a orelha, pergunta.
- Atendeu bastante
clientes, mãe?
Respondia a mãe
- Só gringo filho.
Usei bastante o inglês. Você tinha que ver. To afiada.
o filho se
aprontava. Olhou a janela e viu os amigos o esperando para ir a
escola.
A mãe o beijou na
testa.
- Vai com deus,
filho!
O sofá torna-se a
cama mais confortável do mundo e sonha o dia que o trabalho de
recepcionista de hotel será menos desgastante, mas ainda sim sonha.
( Thiago Loreto 15/07/17/4)
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