Toda mãe é poesia pronta
Passarinha que não corta asa
Ponte de imensidão
Que faz seus braços uma casa
Toda mãe é poesia pronta
Passarinha que não corta asa
Ponte de imensidão
Que faz seus braços uma casa
um dia
depois da guerra
se houver guerra
se depois da guerra houver um dia
te tomarei em meus braços
um dia depois da guerra
se houver guerra
se depois da guerra houver um dia
se depois da guerra eu tiver braços
farei amor com você, com amor
um dia depois da guerra
se houver guerra
se depois da guerra houver um dia
se depois da guerra houver amor
e se houver o que é necessário para fazer amor.
jotamario arbeláez, quando se abriu uma nova fase da guerra civil colombiana em 1964
então é isso
tempo que finda
e recomeça
tempo que prega peça
cronos faz festa
vendo a gente tentar controlar
vida é movimento
fluir do tempo
É despedida todo dia
corrida com largada
sem chegada
nessa vida
pouca coisa brilha tao forte
tivemos sorte de te encontrar
uma estrela menina chefe
que por onde passa
nao para de brilhar
se um dia sentir saudade
lembra das risadas no cafe da tarde
de reunioes sem hora pra acabar
lembra que tudo muda
e tem gente que nasce pra ser arvore
nao muda.
Esse texto foi escrito por um querido camarada, poeta e Assistente Social que assim como eu sonha mudar o mundo e por vezes mudamos o de algumas pessoas fornecendo um atendimento e orientações de qualidade
Diário de um Assistente social.
Hoje no CRAS, uma Senhora por nome Iracema,
Retornou para que no atendimento, pudéssemos ligar no INSS para acompanhar o requerimento do BPC-LOAS, idoso, que havíamos entrado no mês de Outubro desse ano.
Depois de esperar,
A atendente me informou que o Benefício estava deferido e os valores de Outubro e Novembro já estava disponível para saque no Banco que a mesma passou o endereço depois.
Ao ouvir minha conversa com a atendente, Dona Iracema começou a chorar copiosamente,
E quando desliguei o telefone, ela veio me abraçar,
E disse:
"Acabou,
Acabou!
Acabou o sofrimento,
Nunca mais vou passar fome,
Nunca mais vou precisar pedir nada para comer a niguém"
Esse Assistente social, que os olhos marejam em escrever,
Tentou segurar as lágrimas,
Pois se passou um filme na hora de tantos homens e mulheres que lutaram para que o SUAS existisse e lutam para que ele não morra, pois Iracemas, Marias, Antonios e Pedros, ao menos podem ao final de uma vida de trabalhadoras e trabalhador tão sofrida,
Sobreviver com o mínimo de dignidade ao ter um BPC.
Aos que lutam Diariamente,
Pelo SUAS em tempos de desmonte e retrocessos,
Meus aplausos
👏🏾👏🏾👏🏾👏🏾
*Iran Marques*
Assistente social
CRAS Acácio
Guarulhos-SP.
Iran Marques
quero ler voce
estrofe por estrofe
num ritmo lento
não um de posse
tenho sorte que voce se comove.
Poe aquele som da Gloria Groove
quero que voce me grude
igual chiclete novo
quero voce de novo
como quem quer um mundo novo
nosso momento
tomo todo seu tempo
ler o seu corpo ao meu
ser seu
seu céu
onde a estrela é voce
é só voce querer
quero ler voce.
Estive no HMU( Hospital Municipal de Urgências) de Guarulhos direto, sempre usei ele como referencia quando tive pedra no rim, dor de estomago, há muito tempo vou lá, teve um periodo que minha mae tinha convenio e eu era dependente dela e acabei usando algumas vezes o Carlos Chagas , acho que não era esse nome na época. Uma vez, há muitos anos, o HMU tava muito cheio( parece pleunasmo isso, mas é. Ahahha), e eu tava com uma crise renal bem pesada, acabei que usei a carteirinha de meu irmão com o RG dele porque tava sem convenio e o HMU cheio p/ caramba, mas isso é outra história, um dia eu conto. Entre idas e vindas depois da cirurgia quando quebrei a perna ,conversei com muita gente nas filas do ambulatório de Ortopedia e durante a internação também, as auxiliares de enfermagem e as enfermeiras foram sempre muito legais comigo, no sentido de para além do trabalho, mas de conversar mesmo, sobre os medos e dores etals. Nessa conversas o Ricardo que tava internado me contou um pouco sobre a vida dele, simploriamente eu tento reproduzir com as minhas palavras.
Indignado, o Ricardo saiu do consultório, não entendeu quase nada que o médico disse, como sempre, mas soube que sua doença era seria, inclusive famosa e abreviada com algo que ele adorava, chamava-se ELA( Esclerose lateral amiotrófica). O desespero não o abraçou tão logo, entretanto, no trajeto entre a saida do consultoio ao carro seus pensamentos foram ganhando força, ganhando forma a ponto de não conseguir colocar a chave para abrir a porta. Seus pensamentos haviam devorado seu futuro, no qual ele não parava de se perguntar.
- Como será minha vida agora? Serei um estorvo para minha esposa. Como contarei para ela? não irei mais trabalhar, não faremos mais viagens todos os anos para a Europa. O que será de mim, o que será de nós?
O homem por alguns segundos se calou, viu um flash, sua vida inteira passar pelos seus olhos,baixou a cabeça e se colocou a chorar.
- O que será dos meus bens? Meus filhos, sentiram nojo de mim, minha herança, minha carreira. E
setentenciou.
- Será que não rezei o suficiente? Não ajudei os pobres.
Ricardo é uma pessoa ativa ou pelo menos era, malhava todos os dias, era micro empresário da empresa, morava em um bairro de classe alta em Guarulhos, levantou de uma lojinha de ferramentas em um bairro periférico, para uma grande rede de lojas na cidade, contratando cerca de 4 mil funcionários. Sua mente fervilhava com a situação que o perseguia.
- doença maldita! Por que comigo, deus?
….
Passaram alguns meses e a depedência era farta. O homem não mais se levantava, os pés que corriam 5 kilometros por dia não mal levantava, a comida era só sopinha, que ele pouco conseguia engolir, cena de filme. Não conseguia nem expressar o seu sofrimento com gritos ou gemidos, apenas com lágrimas, era a única coisa que restava, as lagrimas constantemente pulavam pelo seu rosto magro.
Para sua alegria ou desespero. Abre os olhos e percebe que está na sua cama, com sua esposa. Olha para os lados, para sua mão e aperta dos pés, levanta, acende a luz, beija sua mulher, que não. Percebe que havia sonhado um dos seus piores sonhos, sonhos não, pesadelo. Explica a ela o ocorrido, dá um sorriso, um alivio por ter sido apenas um sonho. Olhando o despertador do celular percebe que já está quase na hora de trabalhar e levanta pra tomar banho pega sua roupa e vai para o banheiro. No banho, depois de deixar escorrer água pelos olhos e pelo corpo, faz força com as mãos para espalhar a água dos olhos, as mãos não mais o obedecem, suas pernas passam a perder a força e periga cair no chão, gritou a mulher e a voz não saia, não tardou para ele lembrar do sonho.