quarta-feira, 19 de novembro de 2025

Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB)

 

                                              Oficina da Escola 

Espero que vocês tenham gostado do último texto. Os e as camaradas que estão dando vida aos meus escritos são muito potentes. Cada pessoa ali está fazendo uma diferença gigante no projeto e, a cada dia que passa, o livro fica mais bonito. Está quase no fim; logo estará nas suas prateleiras. Mas, enquanto não chega, seguem mais textos para aumentar o suspense. Vou falar um pouco sobre política de cultura.

No Brasil, existem alguns tipos de políticas culturais. Uma delas é o fomento à cultura — poucos, se comparados a outros países. Talvez vocês não tenham ouvido falar sobre a ☺). Trata-se de uma política pública permanente, criada para garantir financiamento contínuo para o setor cultural brasileiro, sucedendo a Lei Aldir Blanc, que foi emergencial durante a pandemia de COVID-19. Os recursos são repassados anualmente pela União para estados e municípios, que, por sua vez, lançam editais, prêmios e bolsas para apoiar artistas, produtores e espaços culturais em diversas áreas, como artes visuais, música, teatro, patrimônio e outras manifestações.

É inclusive por conta dela, e sobretudo pela luta organizada de muitos artistas no Brasil todo, que essa política pública foi criada — e que estamos lançando um livro lindo. Um dos pilares dos fomentos são as contrapartidas à sociedade, que, resumidamente, consistem em retribuir à comunidade com ações político-culturais. No nosso projeto, optamos por várias ações; entre elas, estão doações de livros para bibliotecas da cidade e movimentos sociais que realizam atividades de incentivo à leitura em Guarulhos, saraus, espaços públicos e oficinas de escrita. Sobre esta última, vou falar um pouco mais.

Realizei oficinas de escrita criativa em escolas públicas estaduais na cidade de Guarulhos. Ao todo, foram três oficinas, totalizando quatro horas, divididas em dois encontros de duas horas. Na atividade, pude falar um pouco sobre minha trajetória como autor, impulsionar novos escritores e leitores, dialogar sobre histórias, personagens e, sobretudo, refletir e construir com os jovens uma crônica. No segundo encontro, depois de ter lido todos os escritos, fiz alguns apontamentos nos textos, sugestões de ideias, e reescrevemos juntos, buscando contribuir com as propostas dos alunos e alunas.

Por fim, agradeço a oportunidade de ter estado nessas escolas — não só aos alunos e alunas, com quem aprendi muito apesar de ter ido ensinar, mas também aos professores, diretores e coordenadores, que me receberam muito bem e organizaram o espaço para que a atividade pudesse acontecer. A educação no Brasil é um desafio, e levar projetos diferentes para as escolas é um ato de resistência e um sonho de uma educação mais humana e menos plataformizada.



quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Foto Joel Filho



  Nos textos anteriores, tratei de falar um pouco sobre o conteúdo do livro, as inspirações e os lugares da cidade. Agora, talvez mais importante que o conteúdo, são as pessoas — trabalhadoras e trabalhadores — que estão fazendo este livro acontecer. Não apenas o livro propriamente dito, mas também a divulgação, as ilustrações, a diagramação, a sonoplastia (tema para o próximo texto), a revisão — enfim, tudo para que o livro seja lançado da melhor forma possível.


 Os livros são feitos de histórias, e o autor é composto por essas histórias. Grande parte dos artistas convidados a fazer parte deste projeto são companheiros e companheiras que participaram de outros trabalhos — a maioria deles independentes. Quero dizer: dependentes de cada um, comuns no sentido mais estrito da palavra. Esses artistas, em outros projetos, trabalharam sem remuneração, apenas pela causa, pelo compromisso. Em tempos em que tudo gira em torno do dinheiro, do engajamento e dos compartilhamentos, talvez os leitores mais jovens não compreendam essa colocação. Mas fazíamos — e ainda fazemos — arte para mudar o mundo, e isso já nos bastava.


 Não divulguei  todos os artistas participantes do livro, pois uma parte é surpresa. Contudo, quem acompanha os textos do blog e os vídeos de lançamento já deve ter visto alguns nomes. É com grande prazer que apresento a alma do livro, sem elas o livro faltaria o brilho:


 Renato Ferreira Lopes

 Ex-metalúrgico, doutorando em História da Arte pelo Programa de Pós-Graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo, instituição na qual também concluiu o mestrado e o bacharelado. É Assessor de Educação na Bienal de São Paulo. Atuou como mediador em instituições culturais renomadas, como o Museu Lasar Segall, o Centro Cultural Fiesp e o Sesc Guarulhos. Fez parte do grupo de professores voluntários do Cursinho Comunitário Milton Santos (2015–2020), iniciativa popular da periferia de Guarulhos que prepara jovens e adultos para o ENEM e outros vestibulares.

 Como pesquisador no campo histórico-artístico, investiga ferramentas, referências e conceitos capazes de propor narrativas para além dos discursos meramente formalistas ou da crítica e história eurocêntricas, promovendo ações como a roda de conversa “As imagens na educação popular: de que falamos quando falamos de arte?” durante a III Jornada de Educação Popular (2019), e o curso “Quadros Negros: um olhar sobre o povo preto retratado na arte ocidental”, no Sesc Guarulhos (2019).

 Na literatura, Renato contribuiu com a pesquisa e a escrita do livro Rebelião Maromomi – Arte apesar da maldição, publicado pela Editora Ctrl+V em 2021, com recursos da Lei Aldir Blanc.


 João Ferreira Filho

 João Perreka é jornalista, produtor cultural, músico e vocalista da banda João Perreka e os Alambiques. Idealiza e produz cultura por meio do projeto Arrastão Cultural, um festival multicultural e produtora de ações e divulgações artísticas que fomenta a cultura na cidade de Guarulhos com artistas independentes de diversas regiões, desde 2012.

 É formado em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Anhanguera de Guarulhos. Participou do curso de Produção Cultural no Sesc Guarulhos, do curso de Gestão de Carreiras ministrado pela produtora Let’s GIG e do workshop “Lançando sua música: da gravação ao streaming”, do Music Rio Academy.

 Em parceria com o Sesc Guarulhos, conduziu o projeto de entrevistas Guarulhos + Cultura em Pauta, produziu a contação de casos e inspirações musicais “Histórias de Vinil” e idealizou recentemente o projeto literário Leia Guarulhos, com escritores e escritoras da cidade.

Trabalhou na assessoria de imprensa de diversos projetos artísticos, como o lançamento do livro Rebelião Maromomi, a Virada Cultural, o Festival Manifeste, o Festival Arrastão Cultural, o Auto de Natal da Cia. Cheganças, o lançamento da Galeria de Arte Manifesto, o filme #PrasempreRhoyl, o Festival GRU Fora de Cena, entre outros.

 Atuou também na produção de eventos como o Encontro Histórico de Carros de SP, o Arraiá Arte na Rua e o Festival Verdejando (Rede Globo). Foi mestre de cerimônia de shows e eventos, apresentador e produtor de programas em web rádios e idealizador do workshop “Produzindo Festivais”, viabilizado pelo PROAC/SP.


 Willian Barbosa da Silva ( Will Carbônica)

 Músico, designer, produtor e ativista cultural guarulhense, atuante na cena desde 2000. Como músico e compositor, lidera a banda Carbônica e atua como guitarrista acompanhando outros artistas.

 Como produtor cultural, fundou, em 2007, o coletivo artístico Projeto CLAM, junto a outros artistas, e coordenou a gestão dos espaços Casa CLAM (2012–2016) e Escotilha.sp (2017–2020). Produziu ações como a intervenção urbana CLAMdestino e o Festival CLAM Música na Rua, além de ter criado o CLAMzine e a Revista CLAM, que pesquisou e registrou a história de músicos independentes desde os anos 1950.

 Assina a produção do selo musical CLAM Discos, responsável por discos de artistas como As Despejadas e João Perreka e os Alambiques, além de três coletâneas musicais. Atua também com ilustração, design gráfico e comunicação visual. Foi conselheiro municipal de cultura na linguagem da música em Guarulhos (2012–2014).


 Alexsandro Vieira Machado

 FR3ELEX (Alex Machado) é artista autodidata de Guarulhos, SP. Entusiasta da música desde o ensino médio, começou a tocar bateria em bandas formadas por amigos, influenciado pelas rádios de rock e videoclipes da TV.

 Na rua, teve contato com o rap e o hip-hop; em casa, ouvia rock com os irmãos, enquanto MPB, forró e brega tocavam na oficina de costura da família — onde também aprendeu sobre confecção, outra forma de expressão artística.

 Em 2014, montou um home studio na periferia de Guarulhos, produzindo artistas de diversos estilos. Autodidata, estudou por meio de livros técnicos, vídeos e trocas com músicos locais. Foi do coletivo CLAM, símbolo de resistência cultural na cidade.

 Participou de diversas produções, entre elas o álbum EDGAR – Paralelo 22s (2015), com captação e edição de vozes, gaita, baixo e guitarra. Foi baterista da banda Carbônica entre 2018 e 2020, com mais de 50 apresentações.


 Joel Dias do Amaral Filho

 Joel Dias Filho é um dos criadores do canal de música e poesia Peixe Barrigudo (YouTube), em parceria com o músico e agitador cultural Victor Cali, cujo objetivo é ampliar a visibilidade dos artistas guarulhenses. Foi um dos idealizadores do Slam do Prego, projeto pioneiro dessa modalidade na cidade, que originou o Sarau Alfinete. Atua também como fotógrafo e videomaker, registrando diversos eventos da cena independente local. Além de tudo isso, é poeta.


 Ana Saritha de Medeiros Moreira

 Sahts é artista visual e designer há mais de nove anos. Desenvolve projetos para diversos formatos de mídia, como pôsteres, livros e animações para vídeos, sempre com foco na sensibilidade e criatividade, entregando obras que traduzem os conceitos propostos, seja em trabalhos autorais ou sob encomenda.


 Elís Konsso Lucas

Elís Lucas é jornalista com 16 anos de experiência e atuação abrangente em diversas áreas da comunicação, como assessoria de imprensa, produção de conteúdo digital e audiovisual, e apresentação de programas e eventos.

 Durante a pandemia, apresentou a edição on-line do festival Arrastão Cultural em Guarulhos. Criou e apresentou a Agenda Cultural em vídeo para a Carleto Editorial e idealizou o programa Saúde com Você para a Prefeitura de Guarulhos.

 Recentemente, foi mediadora em cinco das seis edições do projeto Leia Guarulhos (2023), realizado pelo Sesc Guarulhos. É formada em Comunicação Social pela Uninove (2012) e em Letras pela FIG-Unimesp (2008).


 Quanta gente maravilhosa! E ainda tem mais!

 Aguardem os próximos textos para saber um pouco mais sobre Sob os Nossos Ossos: histórias para não esquecer de Guarulhos. Sem essas e outras pessoas o livro não seria possível. Mais que um livro, essas histórias são para serem lembradas e muitas delas para não serem repetidas.


domingo, 5 de outubro de 2025

sob os nossos ossos



foto Joel filho


 Aprofundando a última postagem, a ideia hoje é falar um pouco mais sobre o livro. O título é “Sob nossos ossos: histórias para não esquecer de Guarulhos”. Aproveito para avisar aos desavisados que se trata de um livro de prosa, e não de poesia. Digo isso porque muita gente me perguntava quando sairia o próximo livro (a propósito, para quem não sabe, eu tenho um livro de poesia chamado Poemas de amor e luta. Ele está disponível — fale comigo que eu providencio).Dito isso, aviso que serão 12 contos no total, e não 11 como havia falado antes. Escrevi um conto extra, que há tempos estava no papel, mas eu nunca conseguia terminar.

Todos os contos e crônicas giram em torno da cidade de Guarulhos, ora tratando de sua história, nomes de ruas, locais históricos e personagens esquecidos. Em outras  palavras, procuro dialogar com as pessoas leitoras sobre: patrimônio, memória, história oral e literatura.

Nem todas as histórias são reais, mas todos os contos são verdadeiros. Espero que, com este livro, as pessoas passem a observar mais a cidade. O cotidiano nos faz naturalizar absurdos: uma criança na rua pedindo comida, uma casa histórica abandonada que poderia ser um museu, ou até mesmo um serviço público que deveria ser de excelência mas, por diversos motivos — entre eles a falta de investimento — não funciona.

Este livro é um lugar de memórias submersas, uma ponte entre o mundo antigo e o novo, entre o que foi e o que ainda está por vir. Espero que gostem…

Pretendo no próximo texto falar um pouco sobre o fomento e sobre quem está trabalhando comigo no livro.


terça-feira, 9 de setembro de 2025

Novo livro

 

Foto Joel Filho 

Para quem não me conhece, meu nome é Thiago Loreto de Oliveira, conhecido também como Giba, Trabalho como Assistente Social na saúde pública da cidade de Guarulhos e também sou escritor. Escrevo desde os 15 anos de idade, mas a partir de 2010 passei a reunir meus escritos no blog “Tudo que é sólido desmancha no ar”, blogspot, além disso passei a divulgar nas redes sociais e saraus na cidade de Guarulhos e também em São Paulo. Participei como organizador do sarau Carolina, um dos muitos polos de poesia e difusão de arte na cidade de Guarulhos. Publiquei meu livro de poesia em 2020 “Poemas de amor e luta”, através de um coletivo independente. Desde então venho divulgando meus poemas e contos em antologias de escritores(a) da cidade. Em 2019 um dos meus escritos foi selecionado para o Prêmio João Ranali, uma seleção de escritores da cidade.  




Escrevo esse texto para compartilhar minha felicidade do meu novo trabalho “Sob nossos ossos: histórias para não esquecer de Guarulhos”, um livro de prosa que reúne 11 textos entre contos e crônicas sobre a cidade de Guarulhos que vão do realismo brutal ao fantástico. Dialogando com história, memória e justiça. Quem fará a publicação é o coletivo CTRL+V que publicou meu primeiro livro, só que dessa vez com financiamento público e com colaboração de diversos artistas sensacionais.




A inspiração para esse livro é justamente o pouco ou nenhuma relação da cidade com a sua história. Procurei relacionar temas importantes como: a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Hospital Padre Bento e a Casa da Candinha. Tudo isso tentando não ser piegas, academicista, mas trazendo para um campo da literatura, buscando dialogar com todos os tipos de leitores, credos e idades.


O livro foi selecionado para receber o fomento de produção cultural Aldir Blanc em 2025 e além do livro físico faremos diversas ações na cidade de Guarulhos entre elas oficinas de escrita, impressão de audiolivro entre outras, mas calma, esse é o primeiro texto de divulgação até dezembro vamos falar bastante sobre, então, segura que logo mais tem novidades. 

segunda-feira, 24 de abril de 2023

a gente chegou tão longe



 a gente chegou tao longe

por que nos perdemos

no meio do caminho

quanto de amor faltou

para mudar 

o que nossa classe ousou

porque sonhos não faltou

todo dia na linha de produção

sobra tempo para que nosso suor

vire o iate do patrao

mas nossos sonhos 

sao minados na hora extra

enquanto é festa do filho do dono

negando aumento no final de ano

restando a nós o pingado e o pão

a cachaca no fim do dia

e o futbol de salão

todo acidente de trabalho 

dizem que é culpa do operário

mesmo que o maquinario

trabalhe sem descanso

sem proteção ou manutenção

se ousar nao trabalhar

é rua que vamos encontrar

disse o patrao na Suiça pelo celular

respire

se hidrate 

não deixe que falte sorrisos 

porque o riso tambem é revolucionario

não deixei que a depressão te abrace

cuidado que ela usa disfarce

ame seu parceiro

abraçe sua parceira

como disse o poeta

o sol há de raiar

respira, respira

a gente tem um mundo pra mudar

intro do proximo livro

 Eu não acreditava em histórias de terror.

Eu nao acreditava em demonios ate pegar um busao sentar em um banco dos fundos e ver um velho abusando de uma mulher e eu ter que sair na mão com ele.

Eu nao acreditava em aparição até o pai de um amigo, pai ausente, retornar depois de 20 anos pedindo ajuda.

Eu não acreditava em fantasmas até ver gente saudando torturador da ditadura.

Nao acreditava tambem em brinquedo assassino até um muleque pegar a arma do pai escondido e atirar no amigo dentro da escola.

Não acreditava em casa mal assombrada até a casa vazia do bairro ser descoberta sendo local de estupro e a policia saber e nao fazer nada.

Eu não acreditava em seres de outro planeta até descobrir que a gente esta destruindo nosso planeta e ninguem faz nada para mudar.

Eu não acreditava em inferno até ver um monte de gente morrer na pandemia e o presidente rir em entrevista coletiva.

Eu não acreditava, mas agora acredito.

Poemas que não queria escrever - Thiago Loreto

ainda que noutro mundo




ainda que noutro mundo

visitou  a me num sonho

quase tudo era turvo

só seu sorriso que era claro

cheiro de bolo e pipoca

ouvi um barulho de fundo

será que era o caco?

não me supreenderia

que fosse ele ou a vó mazilda

eu ainda assim a reconheceria

abri e fechei os olhos

tudo ainda era neblina

senti uma risada do infinito

será o Benedito?

esfreguei os olhos

mas ninguem estava lá

Penitência 

ouvi de algum lugar

corri para ver se via

mas cai na propria armadilha

era a matilha de cães que me vinha

Natasha, Caire e Mel

era só o que me faltava

Latrel tambem caminhava

em sonho tem animal zumbi?

até aqui pede pra brincar

via a calçada perto de casa

travessa da cruz de malta

não conseguia andar

sentei e vi o tempo passar

olhei pro alto um monte de pipa 

ali podia ser meu céu

passei os dedos na cara

era minha casa

minha cama

Caetano miando

Raposo nanando

Leticia roncando

acordei sorrindo

que visita boa 

a gente recebe sonhando