" foi na batata da perna de Teresa que escrevi as primeiras palavras na língua nativa. No princípio ela até gostou,ficou lisonjeada quando eu lhe disse que estava escrevendo um livro nela. Depois deu á ter ciúme, deu para me recusar seu corpo, disse que eu só a procurava a fim de escrever nela, e o livro já ia pelo sétimo capítulo quando ela me abandonou. Sem ela, perdi o fio do novelo (...) Passava os dias catatônico diante de uma folha de ppapel em branco, eu tinha me viciado em Teresa. Experimentei escrever alguma coisa em mim mesmo, mas não era tão bom, então fui a Copacana procurar putas. Pagava para escrever nelas, e talvez lhes pagasse além do devido, pois elas simulavam orgasmos que me roubavam toda concentração(...) Passei a assediar estudantes, que ás vezes me deixavam escrever nas suas blusas, depois na dobra do braço, onde sentiam cócegas, depois na saia, nas coxas. E elas mosntravam esses escritos ás colegas, que muito os apreciavam, e subiam ao meu apartamento e me pediam que escrevesse o livro na cara delas, no pescoço, depois despiam a blusa e me ofereciam os seios, a barriga e as costas (...) Moças entravam e saíam da minha vida, e meu livro se dispersava por aí, cada capítulo a voar para um lado. Foi quando apareceu aquela que se deitou em minha cama e me ensinou a escrever de trás para diante. Zelosa dos meus escritos, só ela os sabia ler, mirando se no espelho , e de noite apagava o que de dia fora escrito, para que jamais cessasse de escrever meu livro nela..."
( José Costa, o Ginógrafo )
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